...Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo...
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segunda-feira, 13 de setembro de 2010

fique toda hora que for!

Camarada, d'onde vem essa febre
Nossa alegria breve
Por enquanto nos deixou
Camarada, viva a vida mais leve
Não deixe que ela escorregue

Que te cause mais dor
Caixa d'água guarda a água do dia
Não cabe tua alegria
Não basta pro teu calor
Viva a tua maneira
Não perca a estribeira
Saiba do teu valor
E amanheça brilhando mais forte
Que a estrela do norte
Que a noite entregou
Camarada d'água
Fique peixe de manhã, de madrugada
Fique toda hora que for
Você é riacho
E acho que teu rio corre pra longe do meu mar
Mar marvado seria o rio
Que correndo do meu riacho
Levaria o que acho
Pra onde ninguém pode achar
Como pode um peixe vivo viver fora da água fria?
Como poderei viver
Como poderei viver
Sem a tua, sem a tua, sem a tua companhia?

Viva a tua maneira
Não perca a estribeira
Saiba do teu valor
E amanheça brilhando mais forte
Que a estrela do norte
Que a noite entregou

[Camarada d'água - O Teatro Mágico]

Vivo a minha maneira, atrapalhada de ser, desajeitada, acelerada... mas vivo FELIZ.
To tranquila, de boa, sem muita pressa, sem muita expectativa... vivendo minha maneira, de forma mais leve!

[Ágape e Filos!]

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

o peso que a gente leva...

Olho ao meu redor e descubro que as coisas que quero levar não podem ser levadas. Excedem aos tamanhos permitidos. Já imaginou chegar ao aeroporto carregando o colchão para ser despachado?

As perguntas são muitas... E se eu tiver vontade de ouvir aquela música? E o filme que costumo ver de vez em quando, como se fosse a primeira vez?

Desisto. Jogo o que posso no espaço delimitado para minha partida e vou. Vez em quando me recordo de alguma coisa esquecida, ou então, inevitavelmente concluo que mais da metade do que levei não me serviu pra nada.

É nessa hora que descubro que partir é experiência inevitável de sofrer ausências. E nisso mora o encanto da viagem. Viajar é descobrir o mundo que não temos. É o tempo de sofrer a ausência que nos ajuda a mensurar o valor do mundo que nos pertence.

E então descobrimos o motivo que levou o poeta cantar: “Bom é partir. Bom mesmo é poder voltar!” Ele tinha razão. A partida nos abre os olhos para o que deixamos. A distância nos permite mensurar os espaços deixados. Por isso, partidas e chegadas são instrumentos que nos indicam quem somos, o que amamos e o que é essencial para que a gente continue sendo. Ao ver o mundo que não é meu, eu me reencontro com desejo de amar ainda mais o meu território. É conseqüência natural que faz o coração querer voltar ao ponto inicial, ao lugar onde tudo começou.

É como se a voz identificasse a raiz do grito, o elemento primeiro.

Vida e viagens seguem as mesmas regras. Os excessos nos pesam e nos retiram a vontade de viver. Por isso é tão necessário partir. Sair na direção das realidades que nos ausentam. Lugares e pessoas que não pertencem ao contexto de nossas lamúrias... Hospitais, asilos, internatos...

Ver o sofrimento de perto, tocar na ferida que não dói na nossa carne, mas que de alguma maneira pode nos humanizar.

Andar na direção do outro é também fazer uma viagem. Mas não leve muita coisa. Não tenha medo das ausências que sentirá. Ao adentrar o território alheio, quem sabe assim os seus olhos se abram para enxergar de um jeito novo o território que é seu. Não leve os seus pesos. Eles não lhe permitirão encontrar o outro. Viaje leve, leve, bem leve. Mas se leve.

[Padre Fábio de Melo]

~~*

Me pego pensando nos pesos que tenho carregado, nos excessos...
E me decidi, quero apenas a leveza de uma rosa, chega de peso desnecessário.


Eh o que tem pra hoje!

[Ágape e Filos!]